top of page

Mona Lisa: A historia da Pintura Mais Famosa do Mundo

  • Foto do escritor: Raphael Cela
    Raphael Cela
  • 15 de jan. de 2016
  • 3 min de leitura

Atualizado: 10 de jun. de 2020



Todos a conhecem, já ouviram falar em seu nome, uma obra de arte que abriu caminho diretamente da fachada da alta intelectualidade para os meandros mais modernistas da cultura Pop. O quadro A Mona Lisa, pintado por Leonardo DaVinci entre 1503 e 1506 – segundo o Louvre – é sem dúvida a mais famosa obra de arte do mundo, investigar o porquê e quais os elementos fazem parte da fama global de Lisa são os objetivos de Donald Sassoon no excelente Mona Lisa: A História da Pintura Mais Famosa do Mundo.

O livro possui um estilo leve, algumas vezes bem-humorado, mas sem nunca perder um agudo senso crítico que só um bom historiador poderia imprimir em uma obra literária. A pesquisa feita pelo autor impressiona por sua abrangência e qualidade. Passamos pelo Renascimento, Romantismo, Modernismo e chegamos ao Liberalismo, entremeados pelos relatos de grandes poetas, críticos literários, artistas e pensadores. Observamos que em todos esses momentos históricos da cultura houveram diversas referências ao quadro pintado por Leonardo. Sassoon nos ajuda a entender os elementos do contexto social, histórico e cultural que contribuíram, através de uma complexa teia de eventos, para o sucesso e admiração da Mona Lisa.


O que parece é que uma série de eventos e pessoas, mesmo que de forma inconsciente, estavam contribuindo para a fama que se estabeleceria para o quadro. Leonardo era visto já em seu tempo como um artista genial; o quadro foi encomendado por um comerciante poderoso na época, Francesco il Giocondo; DaVinci foi levado para a França por Francisco I; O Louvre, que originalmente era um palácio real, é transformado em um museu público; diversos intelectuais escreveram relatos sobre o sorriso e os diversos mistérios do quadro, tiveram como percursor Théophile Gautier; Vicenzo Peruggia rouba o quadro do Louvre em 1911, a imprensa mundial documenta o acontecimento e mais fama para Lisa. Esses e muitos outros eventos são narrados de forma acurada por Donald Sasson ao logo do livro.


Para encerrar, fico com a poderosa descrição da Mona Lise por Walter Pater, ilustre crítico literário do século XIX, citado por Sasson:


“A presença que se elava assim tão estranhamente junto às águas exprime o que no decorrer de mil anos os homens aprenderam a desejar. É dela a cabeça sobre a qual todos ‘os finais do mundo confluem’ e as pálpebras mostram-se um tanto fatigadas. Trata-se de uma beleza trazida do interior, despontando na carne, o depósito, de minúscula em minúscula célula, de estranhos pensamentos, de sonhos fantásticos e exóticas paixões. Colocada um momento que seja junto a uma daquelas pálidas deusas gregas ou das belas mulheres da Antiguidade, e todas se perturbariam com a sua beleza, na qual a alma e todas as suas desventuras tiveram passagem! Toda vivência e o pensamento do mundo aqui ficaram gravados e moldados, e nela ganharam o poder de refinar e dar expressão à forma exterior, o animalismo dos gregos, a luxúria dos romanos, o misticismo da Idade Média com sua ambição espiritual e os amores tão imaginativos, o retorno ao mundo pagão, os pecados dos Borgias. Ela é mais antiga do que as rochas entre as quais está sentada; como um vampiro, ela esteve morta diversas vezes, e aprendeu os segredos da sepultura; e mergulhou até as profundezas dos mares, e se guarda em volta na Expulsão do Paraíso; e traficou estranhas tramas com mercadores orientais; e, como Leda, foi a mãe de Helena de Tróia, e, como Sant’Ana, a mãe de Maria; e tudo isso soou para ela apenas como a música de liras e flautas, e ela vive apenas em suavidade com a qual foram moldadas suas feições sempre em mudança, e tingidas suas pálpebras e mãos. A fantasia da vida eterna, arrostando numa só dez mil existências, é muito antiga; e a moderna filosofia concebeu a ideia de humanidade como tendo sido forjada, e resumindo em si, todos os modos do pensamento e da vida. Sem dúvida, Lisa poderia ser a incorporação da antiga fantasia, o símbolo da concepção de modernidade”

Comentários


  • Instagram
bottom of page